O Fed mantém taxas e projeções inalteradas, mas comentários dovish de Jay Powell aumentam a pressão sobre o USD

Numa semana cheia de decisões sobre taxas de juros por parte dos bancos centrais (incluindo surpresas na movimentação dos bancos centrais suíço e turco hoje), a mais importante foi a decisão de ontem do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve dos EUA (Fed).

Como esperado, o Fed optou por manter as taxas de juros estáveis e manteve a sua projeção de dezembro para três cortes de taxas ao longo de 2024, no chamado “dot plot” (gráfico de pontos). De acordo com a Ferramenta FedWatch do CME, a probabilidade de o Fed deixar as taxas inalteradas em junho caiu de 40% para 25% antes da decisão do Fed, enfraquecendo o USD.

Mas o que realmente aumentou a pressão sobre o dólar foram os comentários do presidente do Fed, Jay Powell, após a reunião. Powell disse:

“À medida que a tensão no mercado de trabalho diminuiu e o progresso na inflação continuou… acreditamos que nossas taxas estão provavelmente no seu pico para este ciclo de aperto, e que, se a economia evoluir de forma ampla como esperado, provavelmente será apropriado começar a reduzir a restrição da política em alguma altura deste ano…”

Num clima visivelmente ameno, Powell insinuou que os recentes sinais de inflação persistente eram sazonais, em vez de sistêmicos, e indicou claramente que o Fed estava no caminho certo para reduzir substancialmente as taxas de juros ao longo do ano sem causar danos econômicos. “A economia está se saindo bem,” disse Powell. As suas declarações sugerem que a inflação principal de 2,4 por cento está se aproximando da meta de 2 por cento do Fed. “Continuamos fazendo bons progressos na redução da inflação.”

O Fed também melhorou suas projeções para o crescimento econômico em 2024, de 1,4% para 2,1%, sinalizando que a tão discutida “aterragem suave” da economia dos EUA estava à vista. É realmente raro ter um forte crescimento econômico, inflação em queda e uma queda simultânea nas taxas de juros.

Os mercados foram impulsionados pela perspectiva otimista. O S&P 500 e o Nasdaq Composite fecharam em máximas históricas na quarta-feira. Os preços dos títulos governamentais subiram à medida que os rendimentos caíram e o EUR/USD disparou à medida que o USD, conforme representado pelo índice DXY, diminuiu.

O otimismo do mercado continuou na quinta-feira, com o Índice Composto de Gerentes de Compras da Zona Euro, que mede a atividade empresarial, subindo para um máximo de nove meses de 49,9, face a um valor de 49,2 um mês antes. Embora dados animadores de PMI dos EUA possam limitar as perdas do USD, a melhoria do humor de risco pode tornar difícil para a moeda apresentar uma recuperação consistente. Como disse Mark Dow, autor do blog Behavioural Macro: “Não se trata da liquidez do Fed, trata-se da vontade para aceitar o risco, e podemos criar toda a liquidez de que precisamos sem o Fed.”

Análise Técnica EUR/USD

Tendo desafiado a resistência da linha de tendência logo no início da quinta-feira a 1,0950, o EUR/USD sucumbiu à resistência e estabilizou-se no nível de 1,0900, caindo abaixo disso para 1,0887 durante o dia, antes da estabilização. Esse declínio para baixo ocorreu após a divulgação dos dados mistos de PMI da Zona Euro, que mostraram dados de manufatura das PMI na Alemanha abaixo do esperado. Novamente, vemos o par negociando num intervalo, sem uma direção real.

Gráfico Diário EUR/USD de TradingView, preparado por Alison Heyerdahl

Caso o preço suba, é provável que encontre resistência na linha de tendência no nível de 1,0950, com o nível de 13 de março de 1,0960 como seu próximo foco. Acima disso, a máxima de março de 1,0981 será o próximo nível de resistência a ser superado antes de encontrar o patamar psicológico de 1,1000.

Qualquer movimento descendente poderia ver a SMA de 100 dias (rosa) oferecer apoio em torno de 1,0870, e abaixo disso, onde a SMA de 50 dias (azul) e a SMA de 200 dias (roxa) convergem com a linha de tendência para a subida em torno de 1,0840.